segunda-feira, 24 de junho de 2019

Kenny Barron e Trio da Paz cantando o jazz do Brasil

Kenny Barron

Trio da Paz

No site do Improviso, na página da Rádio Senado, você pode ouvir e baixar os programas que já foram levados ao ar. Como este que destaca o álbum Canta Brasil, de 2002. 

O disco reúne o pianista americano Kenny Barron com os brasileiros do Trio da Paz. As origens africanas presentes tanto no samba como no jazz são ressaltadas nesse trabalho, editado nos Estados Unidos, que o Improviso apresenta sempre com exclusividade no Brasil. 

O Trio da Paz é formado por grandes músicos brasileiros, que moram nos Estados Unidos e são presenças de destaque na cena jazz internacional. Romero Lubambo toca o violão; Nilson Matta, o baixo; e Duduka da Fonseca, a bateria.

Acesse a íntegra do programa no link abaixo:


O samba encontra o jazz no baixo de Nilson Matta


O instrumentista Nilson Matta, 70 anos, costuma dizer que seu baixo o levou para viajar o mundo. Morando nos Estados Unidos desde os anos 80, Matta é um dos músicos brasileiros mais atuantes na cena jazz internacional. Integrante do Trio da Paz, do Brazilian Trio e líder do grupo Brazilian Voyage, Matta é, ainda, um professor dedicado. Ele dirige o projeto Samba Meets Jazz, comworkshopsvoltados para o ensino dos fundamentos da linguagem do samba em clave de jazz.

Nilson Matta começou a tocar o baixo aos 10 anos de idade. Tornou-se profissional muito cedo, tocando com o irmão baterista em bailes e clubes de São Paulo. Em pouco tempo de carreira já estava tocando na banda de Roberto Carlos. Nos anos 70 fez parte dos grupos que acompanharam João Gilberto, Chico Buarque, João Bosco, Johnny Alf, entre tantos outros grandes artistas brasileiros.

Já morando no Rio de Janeiro, Nilson Matta ingressou no Instituto de Música da UFRJ, onde foi aluno do maestro Sandrino Santoro, o grande mestre do baixo acústico no Brasil. No Rio, no início dos anos 80, Matta participou da primeira formação do mítico quarteto Cama de Gato, uma das referências do jazz brasileiro. Mas logo ele deixou o grupo, para fixar-se em Nova York, nos Estados Unidos, para onde se mudou em 1985.

No lugar certo, na hora certa, Nilson Matta foi apresentado ao saxofonista Gato Barbieri, que estava montando a banda para sua nova turnê. Matta e seu baixo andaram o mundo inteiro tocando com Barbieri durante três anos. A partir dali, os convites não pararam e Nilson Matta pôde estabelecer parcerias importantes com grandes nomes do jazz, como Joe Henderson, Don Pullen, Paquito D'Rivera, Slide Hampton, Herbie Mann, Kenny Barron, entre outros. 

Com os amigos brasileiros, o violonista Romero Lubambo e o baterista Duduka da Fonseca, Nilson Matta criou o Trio da Paz, no fim dos anos 80. O grupo está junto e atuante até hoje. Para celebrar seus 30 anos de existência, eles gravaram o álbum “30”, que foi nominado para o prêmio Grammy em 2017. A composição de Matta, Sampa 67 abre o disco.

Entre seus trabalhos como líder destaca-se o álbum Black Orpheus(2013) em que Nilson Matta revisa o repertório de Orfeu da Conceição, a mítica peça teatral de Vinícius de Moraes e Tom Jobim. E também músicas do filme Orfeu Negro, de Marcel Camus,  com temas como Samba de Orfeu, de Luis Bonfá.

Nilson Matta promove a próxima edição de seu workshop Samba Meets Jazz em Boston, entre os dias 20 e 26 de julho. O programa prevê oficinas de improvisação e harmonia do jazz, ritmos e estilos da música brasileira, arranjos e percussão no samba.

No vídeo a seguir vamos assistir Nilson Matta com Romero Lubambo e Duduka da Fonseca, o Trio da Paz, no tema Baden, composição de Matta em homenagem a Baden Powell.


O jazz lírico da cantora Quiana Lynell


Aos 37 anos, a cantora Quiana Lynell está lançando seu primeiro disco. Baseada em New Orleans, Lynell traz um trabalho maduro, em que as raízes do blues e dos jazz veem embaladas por sua perfeita técnica. Antes de dedicar-se ao jazz, Quiana formou-se em canto lírico na Universidade Estadual da Louisiana. Ela já foi a principal soprano da Orquestra Sinfônica de Baton Rouge, sua cidade natal, e é professora de canto da Universidade Loyola, em New Orleans.

“Eu não gostava do mundo da música clássica, com sua exagerada competição e a rigidez de suas regras. Eu percebi que eu era alguém que queria quebrar regras, improvisar, inventar meus próprios caminhos, por isso, me afastei”, explica assim Quiana Lynell a sua relação conflituosa com o canto lírico.

Deixar a iniciante carreira no mundo clássico, na época, cobrou um preço alto à jovem cantora, afastando-a da música. Ao mesmo tempo, sua vida foi tomando outro rumo, com um casamento, o nascimento de filhos e a necessidade de se manter. Assim Quiana Lynell foi parar como atendente no call centerde uma operadora de telefonia. Nos intervalos do trabalho, os funcionários costumavam brincar de karaokê e ela, claro, era o grande destaque.

Por insistência de uma colega, começou a participar, com ela, dos ensaios de uma banda de blues. A partir dessa experiência, Lynell resolveu retornar ao mundo da música. Em 2011, ela deixou a empresa e conseguiu um emprego como professora de música em uma escola primária de Baton Rouge. Ganhava menos, mas tinha mais tempo para estudar e cantar em algumas apresentações.

Sua vida mudou de rumo, definitivamente, em 2017, quando ganhou o Concurso Sarah Vaughan, de jazz vocal. Como parte do prêmio, Quiana Lynell ganhou um contrato com a gravadora Concord, uma das mais prestigiosas do jazz. De lá para cá, as oportunidades começaram a aparecer. A primeira, e mais importante, foi a participação na turnê do trompetista Terence Blanchard, que acabou se tornando um mentor da cantora.

Blanchard continua orientando a carreira de Quiana Lynell. A seu convite, a cantora se apresentou, no ano passado, no grande show que celebra o Dia Internacional do Jazz, o 30 de abril. “Foi uma coisa louca”, explica Quiana. “Eu estava ali, tocando com as pessoas que idolatrava. Encontrei um grupo de pessoas fantásticas, dedicadas, dispostas a ajudar-me a desenvolver meu talento”.

Todo o talento de Quiana Lynell pode ser comprovado com seu disco A Little Love(2019), que acaba de ser lançado pela Concord Records. Nele, a cantora passeia sua voz por clássicos do jazz e do blues como They All Laughed, dos Gershwin; Hip Shakin' Momma, de Irma Thomas; e You Hit The Spot, de Gordon e Revel.

No vídeo a seguir temos uma apresentação de Quiana Lynell, gravada em 28 de março último, em que ela canta algumas das músicas de seu disco e conta um pouco de sua carreira.