sábado, 10 de janeiro de 2015

Artigo no Blog do Noblat - Joshua Redman e James Carter juntos no Carnegie Hall

Os Young Lions e a retomada da tradição no jazz dos anos 90

O jazz volta a fazer sucesso de público e a vender discos a números alentadores. O primeiro álbum do saxofonista Joshua Redman, de 1993, vende cem mil cópias, de saída

Os jovens músicos que surgiram na década de 90, os chamados Young Lions, conseguiram estabelecer uma nova era de popularidade para o jazz. O período registrou um importante movimento de renascença do gênero. Não que o jazz estivesse morto, porém estava afastado do público, que se identificava mais com o rock e, especialmente, com o pop.
Alguns dos mais importantes álbuns da história do jazz foram publicados nos anos 50 e nos 60. São dessa época, por exemplo, os emblemáticos discos de Miles Davis, John Coltrane e Thelonious Monk, que influenciaram as gerações que lhes seguiram. Isto para ficar apenas em três dos maiores em seus instrumentos, o trompete, o sax e o piano, respectivamente.
O jazz viveu ali uma era de grande popularidade, com expressivas vendas de seus discos. Ao mesmo tempo, seus artistas eram bastante requisitados para shows e concertos em festivais, em todo o mundo.
O rock and roll do final dos anos 60 tornou-se um fenômeno de massa tão poderoso que deixou pouco espaço para o jazz e para a música instrumental, em geral. As gravadoras passaram a investir maciçamente nesse produto, que tinha excelente aceitação em todas as camadas.
Ao mesmo tempo, o jazz se fechava em volta de uma música mais cerebral e complicada, quase inacessível a não iniciados. Foram os anos de experimentalismos com o Free Jazz e o Fusion. Com isso, jazz nos anos 70 concentrou-se mais em pequenos clubes, com platéias restritas a aficionados.
A reaproximação do jazz com o a audiência começou nos anos 80, a partir de Winton Marsalis. Nascido em Nova Orleans, ele levou para Nova Iorque a força de suas raízes. Depois de estudar música na Juilliard School e integrar os Jazz Messengers de Art Blakey, montou sua própria banda.  Com ela, deu início ao trabalho de retomada do swing, do jazz mais tradicional.
Marsalis influenciou toda uma geração de jovens músicos, com suas apresentações, oficinas e aulas, na própria Juilliard School. Diretamente de seus cursos saíram James Carter, Christian McBride, Roy Hargrove, Harry Connick Jr., Nicholas Payton, entre outros. Por aproximação surgiram Joshua Redman, Cyrus Chetnut, Christian McBride, Russel Malone, e alguns mais.
Esse grupo despontou nos anos 90, ficando conhecido como os Young Lions. Eram todos muitos jovens, com sólida formação musical e verdadeiros virtuosos em seus instrumentos. Enquanto os mais novos teriam entre 18 e 19 anos, os mais velhos não chegavam a 26.
Eles retomam o jazz dos tempos áureos do bebop, promovendo releituras brilhantes dos temas mais emblemáticos daquela época. As gravadoras vêm nesses jovens um novo filão e investem pesado neles. Garantem a esses músicos as condições que seus antecessores nunca tiveram, contratos polpudos, produção impecável e distribuição profissional.
O jazz volta a fazer sucesso de público e a vender discos a números alentadores. O primeiro álbum do saxofonista Joshua Redman, de 1993, vende cem mil cópias, de saída. No cd está uma versão de Body and Soul, que mostra a revalorização do repertório mais clássico do jazz.
Outro expoente dos Young Lions, o também saxofonista James Carter buscou em seus primeiros discos consolidar o mesmo tipo de repertório. Seu álbum de 1995, The Real Quietstorm, abre com a composição de Thelonious Monk, ‘Round Midnight.
Todo o virtuosismo dos saxofonistas Joshua Redman e James Carter podemos conferir nesta apresentação com a com a Orquestra do Carnegie Hall. A peça é a composição de Monk, Straight, No Chaser, e a gavação é de 1997, feita no concerto em homenagem ao cineasta Clint Eastwood, outro fã do jazz.